sábado, 3 de agosto de 2013

Saudade

Saudade é que nem gato. 
Ela dorme e silencia a dor. Quando a Saudade é boa passa o dia ronronando. 

Saudade deixa rastro. 
O gato come e a saudade consome. E como! E quanto mais come, maior ela fica, pior ela fica. Abre-se ferida.
Saudade brinca. Brinca de correr atrás, se enfiar onde não deve e derrubar tudo no chão. A Saudade adora olhar para o além e ali fica. Saudade adora fazer alarde, ainda mais quando é tarde. Antes de dormir a Saudade brinca, porque sem ela não dá pra dormir. Ela mia aquele miado agudo bem forte quando a saudade bate. E aí ela arranha e machuca sem piedade...

terça-feira, 23 de julho de 2013

Meu banzo

A rua reza a lenda para os meus olhos que um aperto se desdobra,
É uma reza sem fim, digna de uma lua grande à espera de alguém.
Parti sem querer e meu amor lá ficou.
Parti sem querer e esqueci do que sou.

Olhos, meu corpo fita o passado e meu pranto põe-se a cair.
São lamúrias dignas da saudade. Disse a maldade.
Esquece de sorrir, podes partir!

Meu rosado semblante era riso até distante
Ai, maldade, eu não sou tua, sou crua e nua
E nua sou quem eu bem querer, cansei de sofrer.

Dama da noite perpetua a saudade de casa,
Tão só que não me encontro e perco o sentido de um amor no conto.
Meu amor lá ficou e me restou um conto.
Um conto simples de amor sem um ponto.

Na esquina, o aperto ama lembrança
A liberdade precisa chorar
E minha essência cora 
O amor sem ponto também ama
Sem tempo de findar pois não se finda
A pacata saudade quer viver e deixar sua pacatez
Quero viver de amor do tamanho dessas montanhas
Sem insensatez. 


domingo, 14 de julho de 2013

Liberdade

A solidão tão sozinha me encontra na janela do meu quarto. É lá que meus olhos estão, esperando alguma coisa interessante acontecer diante das luzes amarelas lá da rua mórbida que me faz jurar de pé junto, inconscientemente, que nada de interessante vai me acontecer.
Meus ínfimos devaneios ainda me consomem desde a semana passada, acredito eu, que nunca estivera tão confusa em todos esses vinte e um anos, entre decidir qual rumo de vida devo tomar. Meu passado interminado ainda tão inerente à mim confunde meu presente tão cheio de decisões. Tento pensar, mas estou ingessada. Questiono onde a minha abstração e a minha sensibilidade foram parar, mas não obtenho retorno. Às vezes cogito que a deixei lá atrás, bem migalhada, no banco da Praça da Liberdade esperando ser libertada, na Rua da Bahia com a Afonso Pena, esperando o aval para poder andar até meu pé corar de sujo. Pensei, pensei, chorei e mais uma vez pensei; preciso procurar por ela e ela precisa saber que eu a procuro. E sabe, só saio de lá com ela.
Minha poesia quis ficar, despediu-se sem um mísero aviso, acredito que bastante decepcionada com a obrigação que me fizeram. De mim, são só palavras magoadas, carregadas de saudade de quem eu era e da liberdade que o meu corpo carregava e expressava. Eu tinha amor pelas pessoas e era tão grande que elas não precisavam ter o mesmo por mim. Fecho os olhos e me imagino com uma garrafa de vinho na mão, um cachecol da cor da bebida e os lábios também... No momento, me conforta. Está frio e eu bebo para me esquentar, o vinho me dá um baita sono, mas eu estou ali; sentada no banco da minha liberdade, esperando rostos genuínos, apaixonados e familiares passarem. E diante disso, procuro renovar o que fui obrigada a deixar; a minha esperança.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Aconchego bucólico



Descobri a casa dos meus sonhos, entre as montanhas e a sutil neblina que a cerca, na cidade que desde pequena sonhei morar, conheci o meu amor e decidi; é com ele que vou ficar.

Era uma casa grande, daquelas que você prepara um almoço cheiroso para as pessoas queridas da sua vida num domingo, onde os bichinhos correm soltos e se esfregam na grama até não poder mais, onde tem uma rede para fazer a sesta. E quando a tarde de sol chega, a casa se colore de laranja, daquele solzinho que dá um sono...É aquela casa que durante a noite não se assiste a novela das oito e nenhuma notícia de chacina, e sim se esquenta a água para um café quentinho para terminar de ler um bom livro enquanto o único barulho da casa é o do vento lá fora ou da galinha cantando fora de hora. Não faz mal, galinha, pode cantar que eu adoro te ouvir. 
Não era só esse mar de rosas, a casa também dava problema. Era um cano ali, um bando de cupim safado tentando ser feliz, a piscina cheia de folha, a minha horta por fazer e as infiltrações do banheiro. Fazia parte do viver, sem esses incômodos não teria tanta graça ter uma casa, até porque ter uma casa é sinônimo de querer cuidar, e querer muito. Não é um apartamento que você abre a porta e está tudo pronto, é uma casa. Uma casa que te acolhe se você acolhê-la também. Apartamento não, você vive trancado, observa a vida dos outros pela janela do quarto, escuta os vizinhos de cima fazendo sexo enquanto estuda, tem horário para fazer barulho, o porteiro sabe de tudo da sua vida e há dez anos que você mora no prédio você mal sabe o nome do seu vizinho. 

Ela ficava um pouco longe do centro da cidade, mas valia a pena, assim que eu saía do trabalho, eu passava na padaria do Francisco e comprava quatro pães, presunto, queijo e um bolo de cenoura. Ia para casa as vezes mais cedo e as vezes mais tarde, mas o melhor é quando eu chegava a tempo de ver o sol se pôr. Como é lindo ver aquele laranja fogo queimando o céu, avisando que amanhã ele volta e que no momento ele precisa\iluminar outros cantos e daqui a pouquinho a lua chega. 

Tinha dia que o frio ficava forte e o vento lá fora cantava bem alto. A neblina das 16h costumava passar diariamente lá em casa enquanto eu preparava os pães de queijo. O gato fica maluco quando ela passa, ele fica observando, miando e de vez em quando ele pula para alcançar. Essa neurose felina é tão humana.
Tenho uma horta, um galo e uma galinha. A noite o galo bate as asas, sai correndo e canta bem alto, e aí nós caimos na gargalhada, porque, de fato, é engraçado todo esse ritual. 
Eu saio para trabalhar cedo e ele também, eu trabalho por aqui e ele tem que descer a serra para ir pro Rio, eu volto mais cedo porque trabalho com a minha cafeteria e ele depende, é de acordo com o trânsito, mas tem dia que ele resolve trabalhar em casa junto com o Freud, o gato fissurado em neblina. Quando chego em casa está o gato em cima do piano dormindo e ele lá fazendo não sei o que com um tanto de fio, partitura e parafernalha na mesa. 

A gente teve sorte em achar essa casa, fica bem no alto, faz frio, tem um tanto de árvore, tem montanha por todo o canto e quando o céu está limpo parece que a estrela está bem pertinho da gente, a gente apaga as luzes do quintal, estende a manta, pega o cobertor e deita. Como não tem a luz da cidade, dá para enxergar um tantão de estrelas. O Freud folgado deita conosco também e enquanto a novela das oito enche lá o saco de alguém, eu me divirto contemplando as estrelas lá fora com os meus dois amores.
Eu me pergunto por que as pessoas precisam de tanto, de se entupirem de tanta inutilidade, de perderem o tempo escutando desgraça, esquecendo de dar bom dia, de saber o seu nome, de pedir por favor, esquecendo de serem humanas. Acharem que é idiotice contemplar uma pobre estrela no céu, que é perda de tempo fazer tal curso porque não dá dinheiro, que se não for passar em concurso público, não presta qualquer outro ofício, que o que presta mesmo é ser capacho mesmo. Freud diz que não, e se ele diz, eu vou com ele. 

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Cidade morta

Desde 2009 essa fúnebre cidade me persegue, com o seu calor mórbido, suas pessoas frias e desumanas que só se importam com o poder monetário que você carrega. Vim para Brasília com dezessete anos e desde o primeiro momento em que eu soube que viria morar aqui, o pesadelo começou. Um lugar que eu mal conhecia alguém, que tinha uma arquitetura horripilantemente moderna e um calor desgraçado junto com a secura maquiavélica, era o primeiro passo para a minha morte interior.
Abdicar de todas as minhas lembranças de Belo Horizonte, todo o meu amor pela cidade, pelos parques e praças, tão lindas, cheias de histórias de domingo. Da alegria e humildade das pessoas ao te cumprimentarem no ponto de ônibus, dar bom dia ao trocador, ver a cidade cheia de gente indo trabalhar, sem aquela formalidade e preconceito. Todos juntos, todos diferentes, com vidas e cotidianos distintos. As lanchonetes simples e baratas do centro da cidade, daquelas que você paga um real por quatro pães de queijo e um pingado, e é uma delícia. Eu morro de saudade disso. De ir à Praça da Liberdade aos domingos e ver as crianças brincando com os pais, andando de velotrol, aprendendo a andar de bicicleta sem uma rodinha, esperando na fila para poder beber água da fonte... O moço do algodão doce e os hippies vendendo coisas artesanais. Novamente, todo mundo junto. Normal estar todo mundo junto, não? Aqui em Brasília não. As pessoas, desde que moro aqui, percebi a frieza e a falta de hospitalidade presente nessa cidade, a falta da palavra "família" em si, a humildade, simplicidade... Isso é tão estranho aqui, tão estranho e inexistente. Aqui é desumano. Aqui não tem amor, não tem vida, te sugam a vida que você tinha antes de vir pra cá. Te tomam o amor e pureza que você esbanjava tanto antes de morar aqui. Brasília engessa.
Fazer amigos em Brasília é tão difícil quanto ganhar na loteria sem apostar. Sempre tive boas amizades, daquelas de você ir na casa da outra, fazer um bolo, brigadeiro, esquentar o café e assistir a novela das seis. Fazer festa do pijama, alugar um tanto de filme e todo mundo assistir junto. Sair pra beber na Praça da Liberdade até de madrugada e ficar esperando o ônibus passar às 6h da manhã. Pra mim, isso vale muito mais do que todas as amizades que já tive em Brasília. Aqui, se você não sai com a pessoa pra festa, você já não é mais amigo. Não existe amizade, existe interesse. Ônibus? Você anda de ônibus? Mas credo, que nojo, odeio ônibus, ônibus é coisa de pobre. Eu pego ônibus desde que me entendo por gente, desde os meus dez anos de idade, e não sou pobre, e mesmo se fosse, não sei que diferença faria.
Não tem muito o que se fazer aqui, se você é uma pessoa caseira, te taxam de chata, depressiva, caxias. E aí, acaba que não te resta muita opção de lazer. Cinema certamente uma hora você vai acabar vendo todos de todos os cinemas, Feira do Paraguay (é uma feira de produtos importados, mentira, contrabandeados que vende tudo quanto é coisa, mas prefiro comprar pelo ebay) que uma hora enche o saco, principalmente depois de 4 anos, Parque da Cidade (que não tem porcaria nenhuma pra se fazer, além dos casais que não moram sozinho e vão lá para dar amassos, um parque sitiado por abelhas, um parque de diversões caríssimo e de uma estrutura extremamente insalubre e um perigo durante a noite). Não tem ônibus a noite, não tem um parque que as pessoas possam se encontram a noite sem medo de ser esquartejada ou assaltada, e também se alguém for beber, não tem como voltar pra casa, porque não existe ônibus a noite, não existe! Acaba que você querer fazer um programa romântico com o seu namorado se torna impossível, a não ser que você vá para o Pontão, que é longe de tudo e resolva tomar um vinho, e que quando estiver voltando pra casa, que também é longe, pare em uma blitz e tenha o carro apreendido. É tudo tão fora de mão, tão impossível de ser feliz. Olha, se você é podre de dinheiro, eu entendo que você se divirta aqui. Mas eu não sou, e não vejo porque o fato de'u ser mais rica me faria feliz. Sempre tive a mesma situação financeira em Belo Horizonte e fui feliz demais. O problema não sou eu, é essa merda de cidade.
Onde já se viu pessoas não cumprimentarem as outras? Uma vez fui dar bom dia para o motorista do ônibus e ele me olhou torto. Eu fiquei sem entender aquela atitude. Será que eu fiz algo errado? Mas isso sempre foi normal para mim...
Roupa. Ah, roupa... Roupa é um ótimo assunto nessa cidade. Não tem lojas! Loja só em Shopping, e é tudo caro. Quer comprar uma blusa normal? Só nas lojas de departamento... E se você não se veste bem, vão te olhar feio, muito feio, e vão te esnobar e te excluir. Igual Jardim de Infância. As pessoas daqui estagnaram no Jardim de Infância e acham isso super normal.  Aqui não existe aquelas lojinhas gostosas e baratas do centro da cidade, que você compra sapatilha por vinte reais, blusinhas regatas por dez reais e bijuterias a preço de banana... Aqui o negócio é caro e injusto.
Sem falar no aluguel sem noção. Tem gente que paga NOVECENTOS reais para morar em uma kitinete de VINTE metros quadrados, e se quiser comprá-la, custa em média, uns 250 mil reais. Eu tenho vontade de mandar tomar naquele lugar, mas não adianta. Com 250 mil reais eu compraria um apartamento todo arrumadinho no Serra ou em algum bairro bom de Belo Horizonte, e ainda sobraria dinheiro para uma pintura nova e se bobear uma entrada num carro. É inadmissível o valor que eles cobram para uma pessoa morar, uma qualidade de vida de merda, um apartamento que você nem tem onde pendurar as roupas limpas, mesmo porque nem máquina de lavar cabe. Eu não sei qual a patologia dessa cidade, talvez a demência em si, mas o que mais me convence é a sociopatia. A pessoa vem morar aqui bem normal, mas acaba ficando desnorteada com as condições, e isso pega. Se você quer ter ódio pela vida, venha para Brasília, aqui é o lugar.
E olha, sinceramente, nunca fui tão infeliz desde que me mudei. Eu costumava ser uma pessoa mais viva, extrovertida e feliz com a vida, hoje sou mais amarga e cada vez mais triste. Gosto de chamar aqui de "Detrito Federal".
E olha, pouco me importa se você idolatra e defende aqui, neste caso a sua opinião é insignificante.

sábado, 16 de junho de 2012

O silêncio do meu olhar

Teus olhos castanhos fitavam os meus a todo instante, a sutileza do seu afago era tão suficiente quanto a vontade do meu eu junto ao seu.
A harmonia da delicadeza entrava pelos cantos, sem medo e cerimônia.
Me surpreendia. 
As curvas da tua boca, tão sutis; inebriavam a minha alma no meu doce calar. 
Senti o quão genuína eu conseguia ser.
Culpe a suavidade de seus olhos, a benevolência do seu ser, a espontaneidade de seus atos, o sorriso cheio de covas, o cabelo com cachos de sono, o pé branco da curva sinuosa, o corpo quente, as pintas distribuídas democraticamente pela tua pele e toda a sua essência. 
Era inevitável gostar de você.



quarta-feira, 16 de maio de 2012

Sonho

Amanheceu frio, e meus olhos abriram conforme a minha alma, calma e genuína. 
A janela semi aberta permitia a entrada de um vento gélido, lento como a tua respiração. Preferi não te acordar para observar cada detalhe da sua fisionomia amassada pelo travesseiro, os resmungos indecifráveis que só de perto eu podia escutar. Eu não tinha muita noção das coisas, muito menos experiência, mas era desnecessário questionar a mim mesma o que eu sentia naquele exato momento. Mas ainda era um segredo, que meus olhos não conseguiam esconder. Apesar da minha descrença perante a boa parte da vida, o silêncio do teu sono trazia confiança. A esperança nunca me abandonou, talvez tenha sido por isso que a ilusão também não teve coragem de tomar o rumo de casa e me deixar em paz, mas aprendi a tratá-la como uma mera conhecida, muito malvada por sinal.   
Naquela hora não me interessava o quão esperançosa eu era, meu corpo já sentia saudade. É tudo tão simples e natural, e minha felicidade consistia em acordar com o seu 'bom dia' de cara amassada.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Prazer, Isabela.

Ela era daquelas meninas que se apaixonavam no primeiro suspiro.
Muitos diziam que era para casar, mas coitada, por volta dos dezenove seria um desperdício.
Tinha uma beleza pudica e simples, provida de um mistério. Ela mal sabia disso, mas deveria.
Entregava seus desejos por amor, e para os outros, mesmo não sendo, ela fazia acontecer, era tudo questão de tempo.
O problema maior eram suas expectativas que, por sua ingenuidade, todo aquele afeto tornava-se único.
Ela desconhecia das coisas passageiras e não adiantava tentar mudar, porque não há culpa em quem sabe gostar.
Ela esconde o choro, cobre os pés, encolhe na cama e questiona: "por que as coisas são assim?"


É, Bela, é...

domingo, 18 de dezembro de 2011

Meu Interior

Ah, esses poucos anos de vida que carrego em meus olhos;
Supridos de sensatez e amor.
Acho que fui feita disso, entenda, por favor.

domingo, 20 de novembro de 2011

Pois bem.

Deixei de lado uma vontade ingênua
Querer entender o que passa ou o que passou
Não mais me convém
É presente provido de silêncio
Desprovido de viver
Me calo em um canto onde a decepção dorme
Mas dou bom dia à ela

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

I'm a bird


Sempre acreditei que por trás de qualquer ser humano existisse a pureza, e ainda acredito. Não vejo razão em tanto desprezo que muitos têm diante da expectativa, ela para mim, é somente um sinônimo mais bonito da esperança, com uma pitada de inocência.
O que me resta? Eu e todos os sonhos que carrego dentro de mim, do meu pequeno corpo cheio de coisa para falar e viver.
Me encantam tulipas vermelhas, o mar azul da Grécia, a rua iluminada por lâmpadas amarelas e um colo para deitar. As inúmeras coisas que jamais pessoas se interessarão, as placas dos carros e suas numerologias, a velhinha do prédio da frente que me dá bom dia, o sorriso da atendente da padaria, o jeito como a mãe dá a mão para o seu filho, o céu do entardecer, deduzir o que o pessoal do ônibus anda pensando; o que passa na vida de cada um. Gosto de ver as pessoas darem risada, do amanhecer gelado, de saber o que eu quero, de uma mensagem querida no meu celular, do cheiro de café, da barriga rosada do meu cachorro, da minha mãe cantando, de poder passar os meus pés na colcha temperada pela manhã. Gosto de gostar, de um gostar genuíno que só eu sei. Mas sabe do que eu mais gosto no fim das contas? De não ter medo de tantas vontades.

sábado, 15 de outubro de 2011

Inocência


Amanheceu. O sabiá emanava a manhã enquanto a neblina esvaia lentamente pelas árvores.
Teus olhos permaneciam fechados, contidos em uma singela harmonia.
Assim como o teu alento, o frio invadia a janela do teu quarto e teus pés procuravam um refúgio.
Relutei para levantar.
Era domingo, casa nova, o gato ronronando no canto da cama, você e nossa genuinidade. Finalmente.
Não fosse pelo nosso gato, Chico, eu acreditaria em um possível sonho. Mas não, estávamos ali, na cama, com um monte de caixa de papelão na sala para organizar, a parede branca para pintar e o café para servir.
Longe do trivial, as coisas fluíam em um percurso admirável e o tempo exercia sua função de acordo com as nossas intuições.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Bom dia, empatia.



Receio, era algo que eu queria, receio do que parece ser ínfimo ou do que realmente é importante, mas não tem coragem de sentir ou admitir. Jamais entendi essa realidade que paira na vida de uns, por isso sempre me lotei de perguntas intermináveis. Talvez seja a minha personalidade, de natureza impulsiva e passional. Não sei, eu disse talvez. Não entra na minha cabeça essa coisa de não aceitar o que você quer por causa disso ou por causa daquilo. É tão mais cômodo dizer sim, permitir, fechar os olhos, virar pro canto e lascar um sorriso.
Eu vivo em um mundo no qual as coisas são diferentes. Eu amo sem medo, amo demais, amo literalmente, sem dó e nem piedade. Amo como as coisas deveriam ser amadas, genuinamente.
Uns gostam, outros afastam. E o azar é deles. As coisas só existem quando compartilhadas, e não são só coisas. Sou eu, você, ele, aquele ali sentado no ponto de ônibus. O que ele sente? Você está bem? Quer gritar? Essa saudade dói? Me diz, o que você quer? Eu? Gostaria que as pessoas fossem mais profundas e reais, sem medo do que a natureza lhes permite.
Às vezes eu acho que é muito para o meu corpo habitar tanta empatia.
Talvez eu tenha esses olhos grandes de tanto analisar as pessoas, suas fisionomias, olhares e gestos. Eu absorvo, penso, sinto, penso novamente e guardo bem ali no cantinho da minha cabeça. Meu único receio é de que as pessoas continuem assim, com medo de viver.
Mas eu espero.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Hoje

Jamais imaginei que apesar de tantas decepções, mais uma seria leviana. Não foi. Parece que a ferida se torna mais sensível de acordo com a quantidade dos atos, mas só parece. Porque o indivíduo amadurece, porque ele cria maneiras de lidar com tal mágoa, porque ele aprende a pensar pelo outro e por si mesmo.
Crescer dói, isso todo mundo já sabe, mas ninguém quer sentir dor, porque muitas vezes a dor moral é mais densa que a dor física. O corpo reage, a mente adormece.
Tenho percebido a cada instante que convivo com as pessoas, que elas estão tão próximas, porém, completamente distantes. Não há interação e nem atitude. O medo é uma das fontes mais culpadas de toda essa consequência. Não é medo no sentido de fobia exacerbada, e sim de se machucar, medo das pessoas.
Eu tenho medo, mas não deixo que ele tome conta de mim. Posso ser idiota a ponto de cometer erros, mas se expôr o que eu sou e o que sinto é ser idiota, ser idiota é delicioso. O grande problema é encontrar uma pessoa com a mesma concepção.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Amar é normal

"Só ama aquele de coração bom, aquele que gosta de dar, que ainda sorri largo e franzindo os ombros tipo criança. Ama só quem merece, quem procura e sabe que achou, quem não vê amar como uma coisa sublime e extraordinária, quem sabe o amor ao alcance das mãos, da boca, das costas, da nuca, dos pés. Ama quem provoca os olhos, as vontades, o sabor do outro. Porque amar é isso. Normal.

Amar é sofrer choque térmico quando chega a hora de dar tchau, é implicar com o jeito do outro, brigar no meio da rua, pegar na mão e fazer as pazes ali mesmo. Amar é brincar de briguinha, é dizer que vai amar pra sempre, é dar beijos e cheiros em lugares estranhos em locais inadequados, é beber no mesmo copo. Todo amante se arrisca meio poliglota "amore mio", "mon amour", "meine liebe" ou "meu amor" mesmo.

Amar é ouvir som de luz apagada, carregar na garupa, prestar os primeiros socorros, testar um óleo novo de massagem. Amar é beber milk shake de chocolate, alugar filme, cantar no chuveiro enquanto o outro escova os dentes, é dormir abraçadinho até mais tarde. Amar é não saber esperar, mas esperar mesmo assim. Amar é suspirar alheio, respirar ofegante, ter o peito encaroçado. Aquele que ama abusa do "inho". Benzinho, docinho, tigrinho, morzinho. Amar é dizer "fazer coisinha", mandar SMS de boa noite, escrever cartinha perfumada e todas essas idiotices gostosas.

O olho reluz, a pele melhora, o corpo reage, o coração bate feliz. Amar é mandar, achar que manda, obedecer, fingir que obedece. Amar é fazer vitamina de banana com nescau, é dar bom dia espreguiçando as vértebras com os braços esticados, sorrindo envergonhado de remela nos olhos. Amar é dizer "vem cá", ter os pés aquecidos sem pedir, comemorar o dia do primeiro beijo, chegar da festa e comer pizza gelada. Só ama aquele que começa a falar pelo fim, que diz sim sem saber a pergunta, que discute o namoro sem lugar-comum.

Ama quem sai na rua pra tirar fotos, pra ver estrela riscar o céu, pra pisar na grama descalço, pra pegar um cineminha na terça. Amar é perguntar "tá dormindo?", é descer do ônibus com o outro à espera, é cantar "she loves you yeah yeah yeah", é morder queixo, orelha, cotovelo, panturrilha, lábio. Amar é comer uma coisa diferente e lembrar o outro, é ficar de mal, é arrumar tempo pra pensar no outro na correria do dia.

O cúmulo da saudade é amar. Você a sente mesmo estando juntinho. Amar é todas essas bobagens e muito mais. Amar é cotidiano. Amar é humano. Amar é instinto. Amar é necessário. Amar acontece. Amar é escrever. Pois gente, afinal, quem foi que começou que essa história de que amar não é uma coisa normal?"

Autoria: Gabito Nunes

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Bom dia, flor do dia! III

"Querido diário, aconteceu um milagre, estou de férias! Minhas aulas voltam apenas em Fevereiro, e agora vou poder visitar a minha família. Victor vai pra Ouro Preto comigo, ou seja, minhas férias caminham para a perfeição. Até o Chiconildo vai! Espero que ele aguente as 7h de viagem, a não ser que a estrada esteja vazia... O que eu duvido! Esse pessoal aqui do litoral cansa de praia e inventa de ir pro interior pra acordar às 6h da manhã e apertar tetas de vaca para voltar e dizer que tirou leite. Grandes coisa. Desde criança quando eu e papai íamos para o sítio lá em Divinópolis, a gente passava as férias lá, cuidando da única vaca que nos dava leite, a Nina. Mas era uma vaca bonita que só. Gordinha, dona de um leite divino! Tão mansa que era mãe dos cachorros que apareciam lá no sítio, sem qualquer preconceito. Papai me disse que tinha domingos que eu me sentava na cerca e contava histórias para Nina dormir. Vê se pode o nível do meu depravamento... Como se diz: "Contar história para boi dormir", só que nesse caso era uma vaca. Quase...

Divinópolis era gostoso de se morar, a vovó era amiga da Adélia Prado, grande escritora e um amor de pessoa. A neblina cobria as colinas que envolviam o nosso sítio, o cheiro de café invadia as minhas narinas e papai tocava violão para a mamãe. Era amor demais. Eu os observava pela rede, no vai e vem do balanço, e cada ida era uma troca de sorrisos entre eles.

Terça era dia de colheita, eu pegava as minhas botinhas de borracha e me juntava com o pessoal. Tinha vez que eu fazia a felicidade das galinhas e arrancava alguns pedaços de couve e as alimentava escondido. Era cada pé de alface mais verde que o outro, e cada tomate de dar água na boca, nos olhos e em qualquer outro lugar. Eu quis plantar papel, com o objetivo de que nascesse mais para que eu pudesse desenhar. Os papéis de desenho tinham acabado, e quando desenhei no jornal do papai recebi um tremendo torra. E quem disse que nasceu?

Do alto do telhado dava pra ver o trem passar e eu passava horas contando quantas vacas nossos vizinhos colecionavam. E não eram só vacas. Haviam cavalos, uns mirrados a ponto da bacia aparecer. O córrego que passava entre o nosso sítio e o do vizinho era tão límpido que dava vontade de tomar banho ali mesmo. Mas o frio de Junho não nos permitia tal audácia.
Nessa época, papai ficava pouco tempo conosco, nos deixava no sítio e ia pra faculdade dar aula até sexta-feira, quando acabava, pegava a estrada e vinha nos fazer companhia. Mamãe morria de saudades dele, tão frágil, que quando eu entrava no seu quarto sem bater, a encontrava encolhida na cama com os olhos tristes... me juntava a ela e contava uma história, pra ver se ela despertava algum sorriso que pudesse me confortar. Amanhecia e a tristeza tinha ido embora, todo dia era dia de alegria.
Vovó ficava até tarde costurando, dessa vez era um vestido, e pra mim! Azul!"

Azul... eu preciso do meu vestido azul para viajar! Chico, o que você está fazendo?
- Miaaaaaaaaau!
- Ô menino, vem aqui!
- Miu...
- É né, com o rabo entre as pernas! Você é um gato, não um cão! Seu bobo! Que é isso dentro da sua boca? Meu chocolate? Gordo! Gordo!
- Minhau.
- Parece gente...

domingo, 26 de dezembro de 2010

A sós

Sensores, meus dedos contornam tuas curvas feito sensores.
Tuas pernas retraídas, impulsos que respondem.
Tu solicitas a mim mais uma dose. De pronto, faço sinal de positivo
com um sorriso meio termo. O teu cabelo esvoaçante embala
minhas doses de adoração a um sentimento que emana da tua carne,
à medida que teus suspiros distorcem meus pensamentos,
à medida que o espelho da sala de estar reflete a sombra
de dois corpos dispostos a mover a parede azul feita com esmero.
Teu modo ingênuo de portar-se cobre meu jeito misterioso de agir.
A cada enlace, teus pés parecem mais distantes do chão.
Tuas mãos suadas me tocam, tua fragrância é um convite à luxúria,
e meu medo de te fragilizar é queimado com o calor do teu corpo.


(Como posso me esquecer desse texto? É inadmissível...)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O amor no mundo contemporâneo.

"Na sociedade contemporânea, fala-se e escreve muito sobre sexo e quase nada sobre o amor. No entanto, não há como negar que esse vazio conceitual se deva à dificuldade de expressão do amor no mundo contemporâneo. Com o desaparecimento das sociedades tradicionais, cujos costumes envolviam fortes relações entre as pessoas nos centros urbanos muito populosos criou-se o fenômeno da "multidão solitária": as pessoas estão lado a lado, mas suas relações são de contiguidade, seus contatos dificilmente se aprofundam, tornando-se mais raro o encontro verdadeiro.
(...) Ora, a busca de prazer imediato e a recusa em suportar frustrações são comportamentos que não se conciliam com o delicado trabalho de uma relação amorosa, a ser construída ao longo da convivência estremeada. Além disso, no mundo da satisfação imediata, do prazer aqui e agora, o desejo das emoções fortes substitui os amores ternos cuja intensidade passional certamente se atenua com o tempo, pois a paixão é fugaz por natureza. É bem verdade que se o amor se funda no compromisso e se as pessoas cada vez mais têm medo da dor, do sofrimento, do risco de perda, o que resulta são as relações superficiais, os "amores breves".

Melhor definição que já li sobre a realidade dos relacionamentos.
Fonte: Filosofando (Introdução à Filosofia, página 338)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Bom dia, flor do dia! II


Chico, pára de morder o meu dedão, por favor, não são nem 6h. Ou são? Se você tá me mordendo é porque você quer ir pra varanda e já são mais de 6h30. Ai, céus! Esqueci de recarregar a bateria do meu celular, e acabei perdendo a hora. No momento estou no banho, e se não me engano, são 09h36. Era para eu estar dentro da sala de aula há 2h atrás. Eu não deveria nem estar tomando banho, mas o Chico dormiu em cima da minha cabeça durante a noite. Ele tem medo da chuva, e quando chove, a única salvação é o meu travesseiro e o cheiro do meu cabelo. Pobrezinho, não é?
Até que hoje o dia está mais fresquinho, quando acordei, abri a porta da varanda e bateu um vento doce. O mar está brilhando, azul que só. Bem que eu poderia matar aula hoje e dar uma bronzeada no meu reluzente corpo albino.
Bobeira minha, sexta-feira que vem vou pra casa do Victor, e o mar de lá é bem mais gostoso que o de Ipanema. Pronto. Não vou secar o meu cabelo, não dá tempo e ainda tenho que abastecer o carro.
- Chico, fica bem que a mamãe já volta, até a noite.
- Miu.
- Não, pára com isso, não mia desse jeito que eu morro de dó e você sabe. É gracinha, você sabe e faz isso pra me provocar. Safado! Tchau, coisa.
- Mau...u
(Fechei a porta)
Ah, ótimo, adoro quando o elevador resolve ficar no 18º quando eu moro no 5º. Descer as escadas? Ah, mas nem pensar, estou super cheirosa, e me recuso chegar na aula fétida e suada.
Dois minutos esperando essa pocilga, eis que chega e encontro com a Dona Bruna, uma senhora do 11º, tão doce que dá vontade de adotar. Ela lembra muito a vovó, a voz mirrada e um sorriso revigorante.
- Bom dia, Dona Bruna! Como vai a senhora?
- Olá minha querida, vou muito bem, e você? Atrasada?
- É, esqueci de ativar o despertador. Estou super atrasada. Como vai o Delfino?
- Entendo. Delfino está ótimo, melhorou da gripe, e me pediu que te agradecesse pela atenção e as indicações dos remédios.
- Ah, que ótimo, Dona Bruna, fico feliz!
- Eu é que fico, muito obrigada. Bom, vou descer no Térreo, hoje é dia de feira. Um bom dia pra você, Manuela.
- Obrigada Bruninha, pra senhora também! Não quer uma carona?
- Não, querida, se eu não dou uma caminhada todos os dias, minha coluna fica dolorida. Obrigada!

Ela é uma graça, outro dia foi até lá em casa levar um bolo de cenoura para mim e um biscoito pro Chico. Vê se pode um mimo desses? Desde que me mudei para esse prédio conheço a Dona Bruna e o Delfino. São casados há 61 anos e têm quatro filhos, duas mulheres e dois homens. As filhas moram no Rio de Janeiro, mas sei que um dos filhos mora na Alemanha, já o João mora em uma cidade lá no Rio Grande do Sul, resolveu criar gado, plantar soja e viver disso. E vive bem.

(Amanhã eu continuo)




terça-feira, 7 de setembro de 2010

Bom dia, flor do dia!

De acordo com as minhas expectativas, estava tudo dando certo, mais do que deveria. Era eu, aos meus incompletos vinte e três anos, no sexto semestre de Medicina. Era algo que eu planejara para a minha vida, terminar meu curso com vinte e cinco anos, daí eu poderia me mudar para Búzios e ir morar com o meu namorado, ou até mesmo o contrário. Namoramos desde meus dezoito anos, já faz um bom tempo que estamos juntos, entre brigas e lágrimas, nenhuma distância conseguiu nos atrapalhar. Creio eu que isso seja bastante raro nos tempos de hoje, muita gente não consegue manter a necessidade de suprir tais vontades, não que eu não tenha também, mas isso varia de pessoa pra pessoa. Eu e Victor nos encontramos duas vezes por mês, eu pego o carro e vou lá passar o fim de semana, depois de duas semanas ele faz o mesmo. Isso é realmente algo que facilita, não só o veículo, como também a liberdade.
Queria ter filhos, mas sei que como médica, isso só será possível daqui alguns sete anos, e espero ainda estar junta dele, porque não vejo outra pessoa mais qualificada para ser pai do que ele.
Moro com o Chico, meu gato, você precisa conhecê-lo, é daqueles bem gordos e folgados, que só sabem comer e defecar, tem uma pelagem branca e os olhos amarelados, um doce que só você vendo.
Mia quando quer carinho, e ronrona quando necessita dormir, e só dorme se for junto, senão vai miar a noite inteira.
Minha família toda mora em Ouro Preto, uma cidade bem perto de Belo Horizonte, em Minas Gerais, onde só existem subidas e descidas, se quer exercitar as coxas, lá é o lugar ideal. Tem uma comida mineira deliciosa e um clima gélido adorável, além da arquitetura rústica e do comércio, aparantemente pacato, porém, bastante caro.
Morro de saudade deles, principalmente da minha avó de noventa e três anos, que provavelmente ainda continua pintando quadros maravilhosos e fazendo cachecóis de lã lindos! Ela e minha mãe têm uma loja na cidade, onde são vendidos os chachecóis, alguns quadros da vovó e roupas que minha mãe compra em Belo Horizonte e revende. Meu pai dá aula na UFOP, a Universidade de Ouro Preto, ele dá aula de Clínica Cirúrgica e outras matérias que ele certamente vai me tirar algumas dúvidas.
Eu gostaria de ter estudado na minha cidade natal, junto à minha família, mas não passei no vestibular. Estudei como uma louca e passei na UERJ e amo o meu curso, amo.
Victor mora pertinho, mas mesmo assim a saudade é grande, ele já é formado e trabalha em um escritório de advocacia desde o começo do ano.
Se ele continuar trabalhando no escritório até eu me formar, pode ser que ele venha morar comigo e até lá ele consegue passar em algum concurso público aqui no Rio. Seria demais, o Chico ia adorar, né Chiquito?

(Eu não sei aonde esse conto vai acabar, mas essa é a primeira parte, espero que eu consiga escrever a segunda. Beijos.)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Alento

Eu quero a minha mãe, o cheiro dela, a companhia dela.
Quero a minha irmã, cheia de manias como as minhas.
Quero a minha sobrinha, dar a mão pra ela na hora de dormir e continuar sendo a melhor tia
do mundo.
Não quero mais fazer o que vim fazer aqui, não aguento, sim, sou fraca e desisto.
Crescer é aos poucos e não por impulso.
Eu quero voltar, preciso de amor.

domingo, 15 de agosto de 2010

Segundo Vinicius de Moraes...

Se o que se quer é a boa esposa
A aquariana pousa.
Se o que se quer é uma outra coisa
A aquariana ousa.
Se o que se quer é muito amor
A aquariana
É a mulher macho sim senhor.
Porém não são possessivas
Nem procuram dominar
Ou são meigas e passivas
Ou botam para quebrar.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O post é antigo, mas eu gosto muito dele. (Enredo)

Eu me seguro, diante de impulsos, meu instinto dói só de imaginar, e sussurra um talvez.
Naquele meio tempo, no intermédio da madrugada, cobri os olhos com intenção de esquecer que eu continuava ali.
Aquele banho quente avermelhava minha pele, era cedo para uma sexta, tarde para um começo de sábado.
Inocente em esperar, sem compreender ou ao menos tentar, essa sou eu.
Sentei no mármore do box e esperei as palavras me tocarem como as gotas que caiam, eu queria uma sensação diferente, desnorteada daquele instante, tomada por um suave compreendimento da minha situação.
E não impedimento, porque disso eu já estava exausta.
Eu realmente desejava mais, desejava que tudo durasse sem um devido prazo, e que eu fosse um pouco maior.
Eram tempos iguais em diferentes locais, quisera eu deixar em segredo, mas fora quase impossível, eu disse em voz baixa, para mim mesma.
E soneguei a vontade, o desejo de presença.
Ainda desconfio da minha capacidade, minha intimidade, toda a falta de jeito, tanta inerência contornando tais passagens que deixei sem saber.
Muito aconteceu.

E anseio por uma reação.
Que é mais que um segredo.

domingo, 8 de agosto de 2010

Age of Aquarius

Domingo, 8 de agosto de 2010

Alguns de seus planos para o futuro podem sofrer algumas alterações não necessariamente negativas. Esta é uma fase mais delicada de revisão de valores, especialmente os espirituais e filosóficos. Mantenha-se equilibrado para fazer escolhas acertadas.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Eu posso errar

Não duvido que eu tenha feito a maior burrada da minha juventude, e ela se baseia na vontade prematura de querer crescer, querer lidar com problemas que não convém se responsabilizar.
Sair de casa e ir morar sozinha, abrir mão de mimos para poder comprar tal coisa no supermercado, para poder comprar roupa nova sem que me falte dinheiro. É o sonho de muita gente conquistar certa liberdade, mas o errado é que acham que com um salário de setecentos reais é o suficiente para sobreviver, o dinheiro anda escasso e as despezas andam com fome. A realidade é outra, e as necessidades também. O mundo é capitalista e sempre será, se você discorda disso, muda pra Lua e usufrua da gravidade.
Durante as minhas férias pude perceber com tanta transparência o quanto fazer as coisas por emoção dão errado, não só por isso, mas tomar uma atitude antecipada, sem um pingo de maturidade. O estrago que ela pode causar, e você se pega em um canto questionando o que pode fazer para que tudo se reverta. Eu quero ir embora, mas me sinto na total covardia em abdicar do que eu mais queria. Mas eu quero a minha família, quero ficar perto da minha mãe, um dia ela morre e eu estou aqui, não acho isso digno. Minha sobrinha está crescendo, aprendendo a falar inglês, já está fazendo multiplicações, minha irmã ingressando no Doutorado e vai casar agora no final do ano. O que que eu estou fazendo aqui? Eu pisei na bola, mas pisei com força, a ponto de me machucar. Eu poderia muito bem estar estudando em Brasília, pagando o que gasto mensalmente aqui, mas o problema era comigo, e eu consegui superar isso, sozinha. Mas que eu quero e vou voltar, eu vou. Demorei bastante tempo para decidir qual curso eu quero cursar, passei por Psicologia, Direito, Jornalismo, Letras, Ciências Sociais e até mesmo Farmácia (o que mais me assusta, pois a minha dificuldade em química chega a ser absurda). Foram muitas dúvidas, até eu me decidir, quero Pedagogia.
"O salário é pouco, professor ganha mal e ninguém dá valor, se você quer isso, prepare-se." É o que dizem, e isso me aborrece bastante. Se eu quero isso é porque eu tenho ciência que o farei com prazer, sendo assim, o dinheiro vem de acordo. Outro dia um Pedagogo disse que se eu fosse pobre, eu passaria necessidade como Pedagoga, ai eu pensei: "Uau, que exemplo de pessoa, um próprio pedagogo difamando a própria profissão." Ele disse que ganha mal, deve ser por isso, não? Sim.
O que importa é que eu serei uma ótima Pedagoga.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Com os pés no chão

Tenho certa deficiência para entender as coisas de primeira, como elas mudam, como elas começam e como são imprevisíveis e como eu não escrevo há dias.
(Admito que estou com vontade de fazer um mochilão, mas é fora de cogitação por agora)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Olá



(Antes de tudo, olha para essa foto, e, convenhamos, não é o pacote completo o gato e Santorini juntos?) É.

Ei! Faltam 16 dias para eu viajar, estou louca para ver minha família e meus amigos. E além de tudo, dar um tempo dessa casa. A menina que mora aqui é completamente nonsense, acha que tudo gira em torno dela e é totalmente apática. A energia dela me faz muito mal, e digo isso de forma convicta, porque fui criada em um ciclo espírita, e sei muito bem diferenciar as pessoas de boas e más energias.
Mas deixa pra lá sabe... Eu realmente não sabia que podia existir gente tão pobre de espírito nesse mundo, até encontrá-la. E estou pasma até agora, porque é difícil saber lidar com uma pessoa tão diferente de você, eu me sinto mal em tudo que faço, por mais que seja certo, ela consegue lançar um jato de negativismo sem motivo algum.
Tem dias que eu acordo e nem tenho vontade de levantar, minha cama geladinha consegue me prender de forma anormal, só de ter que pensar que tenho que lavar o banheiro, a cozinha, fazer a comida, lavar a louça, roupa, depois passar... dá um desânimo desumano!
Hoje fiz um caldo de feijão, com muito custo e suor, eu consegui. Primeiramente, ficou totalmente sem gosto até eu lembrar que eu não havia temperado o feijão, depois deu tudo certo :D
Eu realmente não tenho nada pra escrever.
Só vou dizer que estou morreeeeendo de saudade da minha sobrinha, saudade de dar um abraço ultra apertado nela, passar batom nela, arrumar o cabelo, brincar de boneca. Ai, que saudade de uma energia tão pura!
Um beijo e um abraço!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cosmo

Os dias não são iguais, o sol nasce diferente tanto quanto nós acordamos diferente. A lua dorme de um jeito, e nós também.
E as estrelas... nunca na mesma quantidade. Nossos altos e baixos se resumem na diferença de cada dia. Porque uns brilham mais que os outros.

sábado, 19 de junho de 2010

Prazer, Isabela.

Mais uma madrugada, e eu sinto saudade. É, sinto. Saudade de onde eu jamais imaginei sentir, saudade de Brasília. Quero tanto aquele abraço de mãe, que te faz sentir aroma de amor. Ah mãe, você é tanto, que não cabe a mim medir o quanto.
Nós aprendemos, da maneira mais radical, a crescer e envelhecer, a perder sem saber porquê e a chorar para tentar entender. É isso que eu faço. Choro, e choro mesmo, por tudo que não pude compreender, por aquilo que eu desejei tanto mas não tive coragem, por tantas expectativas de uma menina de grandes sonhos.
Eu acredito em mim, e não é pouco, é muito. E também enxergo mais que o normal, mas não são só nas coisas, e sim nas pessoas. Não é lorota, acredite se quiser; eu não preciso saber de mais nada quando posso simplesmente sentir.
Das duas vezes, ambas falharam, mas eu bem entendo que um percurso tem de ser seguido, os dias e as horas, elas vão embora. Mas saiba, que se meus olhos te cercam é porque eu sei quem você é.
E pra mim, nada muda.

sábado, 12 de junho de 2010

Beija Flor

Vai de flor em flor, extraindo todo o néctar. Mal sabe ele que um dia isso acaba, que tudo se torna monótono. Mas ele pensa; outras flores virão. Ou não.
Eis que distante há uma flor, e ela sabe que aquele Beija Flor esconde medo e orgulho. E para ela, coitada, disposta a entender, não foi difícil. No momento em que aquele bico a tocou, ela pôde sentir.
Coberto de mistérios, é um pássaro livre. Apesar de seus olhos, pequenos, porém intensos, mergulhados em uma desconhecida solidão, cercado de receios, tão bobos. Que por sua sorte pareciam ser evitáveis.

E foi-se, silenciosamente.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Maresia

Feito com Hélio.

A água bate nas pedras da costa, fazendo-as rolar pela areia molhada onde meu corpo está deitado.
O sol queima minhas pálpebras e ouço gaivotas ao longe, e um leve cheiro de sal e água e qualquer coisa que o mar carregue. Eu deveria estar dormindo em casa. Minha casa está logo ali.
Depois de uma intensa briga, a mais intensa depois que nos casamos, meu medo maior de desapontar todos os seus sonhos desde sua adolescência, não só seu, como os nossos. Há pouco pude escutar o seu choramingar.
Estou morto agora.
Queria que ela viesse aqui, agora. Mas eu estou errado, ando errado há muito e não consigo evitar mais, me diz por quê?
Tirésias que vem com as ondas. Tirésias o cego, vê, enxerga, estou morto. Sou apenas a sombra de um homem. Amarga em mim o desejo de viver os sonhos perdidos do amor que eu desperdicei. Estou errado em estar morto agora? Tirésias não pode ler meu futuro - não há futuro para aqueles como eu.
E na terra onde se lamenta e range os dentes, o Filho do Homem me olha com olhos de águia, como Clint Eastwood, como o sol, queima, queima, e range os dentes.
Nem um tiro no meio da minha testa seria justo o suficiente para cobrir meus atos infames. Eu estava morto, mas pude sentir a fragrância de seu cabelo a certa distância. Isso poderia significar duas coisas; eu estava no paraíso ou você estava realmente perto de mim.
Então eu botei todo o mundo na ponta do baseado e traguei mais uma vida, mais um sonho, mais um pouco de você.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Girassol

Eu tinha apenas dezenove anos e continuava com intermináveis perguntas dentro de mim. Nada incomum, antes perguntas a respostas prévias. Eu gosto de mistério, de deixar meu pensamento divagar em cada segundo que deixo passar. Achei que nunca sentiria saudades, nunca mesmo, nem de meu primeiro animal de estimação. Grande Stuart, pobre felino, tão magro que quando chegava visita lá em casa ele conseguia se esconder por baixo da geladeira.
Era assim, papai me disse que só sentimos saudade das pessoas que realmente gostam da gente, mas é uma mentira, nua e crua. Não sei de onde ele tirou essa tese infame, porque certamente ele deve ser o único a pensar desse jeito. Mamãe sente saudades dele, e ele... Continua viajando sem data pra voltar.
Eu mesma sinto falta de muitas pessoas, e elas parecem não se importar. Ou eu sou a boba da história ou é meu jeito inocente de gostar das pessoas demais. Pouco me importa se o que sinto não é o mesmo, não é todo mundo que tem companheirismo, e independente da ocasião, faço questão em dar.
Foi-se a época em que todos eram gentis, bem antes da minha avó, creio eu. Para você ter ideia, moradores faziam bolos e presenteavam os vizinhos sem motivo algum, apenas por boa índole.
Já hoje, na ausência de açúcar, que engula o café amargo mesmo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Amanhecer

" Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir o nãos que a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar."
Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Cotidiano


Segunda feira não deveria ser dia. Chega a ser cruel.
É aquela sensação de preguiça extrema ao acordar, o lençol gelado entre os pés e o travesseiro parece exalar um cheiro sedutor de propósito. E de quebra, a cidade faz questão de esfriar, não duvido que exista um pacto entre esses dois.
Acordei bem cedo hoje, da janela de frente pude escutar os dois pássaros da vizinha cantarem.
Eu estava com aquela fome de leão, causada por um sono de doze horas. Fui até a cozinha e deixei a água para ebulir e separei três torradas com manteiga, apesar do meu desejo por uma mesa farta de doces e salgados, como casa de vó no interior. Nunca tive, só acho que deva ser assim, e depois daquele bendito café, ela senta no sofá e você também. Nisso ela coça as suas costas e conta como você era sapeca quando criança. Ai, mas é uma delícia todo esse chamego.


A água ebuliu e fui preparar meu café. Sentei na poltrona da sala e fiquei observando as pessoas da rua, com passos largos e rápidos, detidos pela pressa e necessidade de trabalhar.
É a rotina de cada um, cada história e cada realidade.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Intensonho

Começo de semana e fim de noite. Desde que comecei a sentir frio debrucei meu rosto sob a barra da janela e questionei-me perguntas insistentes. Tais que talvez continuem sem resposta durante um tempo oculto. Há mais de uma hora avisto uma prostituta do outro lado da avenida. Muitos carros passam e nada. Ela de mini saia rosa bebê eu aqui de moleton coberta de meias rosa bebê também.
Qual o problema dela? Feia não é que enxergo muito bem de longe. Posso sentir o quanto ela tem medo e vontade de sumir daquele lugar.
Quando criança, morava na Afonso Pena e tinha certo costume de contar quantas prostitutas estavam lá, desde o ponto do Palácio das Artes até a Telemig. Teve uma vez que foram 32. Eu adorava fazer isso e nem tinha uma pitada de maldade. Ainda bem, sabe por que?
A pequena maldade que conheço hoje não me é nada saudável. Me cansei totalmente de acreditar em todos e no final do enredo, mesmo sem ter razão suficiente, me saem lágrimas.
A menina foi embora, entrou no carro. Prata, EcoSport se não me engano. É, bom programa e boa sorte. Hoje morro de dó, antes era mais divertido. Como também era brincar de boneca e não ter ilusões. Eu era criança e sonhava ingenuamente, hoje sou jovem e ainda sonho.

domingo, 23 de maio de 2010

Ode to my Family

Estava recordando de quando ia dormir na casa da minha irmã, aquele porcelanato gelado era gostoso para refrescar aquele calor absurdo de Brasília. O strogonoff divino de carne feito pela Alê era uma coisa dos sonhos, tentei fazer um dia aqui em casa, não chegou nem perto. O que é uma pena.
Eu dormia junto com a Maria Eduarda, e ve-la dormir é um passatempo saudável, aquele rosto branco com bochechas rosadas, tão doce, tão carinhosa e tão levada!
Como de praxe, durante a madrugada eu ia na cozinha comer um biscoito para voltar a dormir de barriga cheia, e lá estavam os armários abertos, e meia banana na pia. Desde que conheço minha irmã, ela insiste em fazer isso e nunca vai mudar. Ainda bem.
Ed, grande Ed. Esse sim é um cachorro humano, ele não precisava latir para que eu pudesse entender tais necessidades, e que olhar expressivo meu filhote tem.
Lembro que no dia que ia me mudar, ele simplesmente pegou meu tênis e deitou em cima dele. Quando ele percebeu que eu estava chorando, levantou-se e enconstou o focinho em minha perna, depois pediu colo.
O dia em que passamos na casa do Fernando colhendo amoras, foi eu, mamãe, Maria, Dindinha e o safado do Ed. Foram três baldes cheios. Desejei que alguém tirasse uma foto daquele momento pois daria um belo retrato. Após colhermos, lavamos as frutinhas azedas e fizemos um suco. Eu e minha sobrinha lambuzamos nossa boca de amora, e nossas mãos acabaram ficando manchadas.
Aprendi a dirigir ilegalmente com o Fernando, era todo domingo na área isolada do Lago Sul. Deixei o carro morrer inúmeras vezes, e para aprender a dar uma ré decente, foram uns três domingos. Hoje eu não tenho coragem de pegar o carro aqui em Belo Horizonte, é bem capaz que eu bate no meio fio. Mas sabe, dirigir é muito bom, só que fui mal acostumada por causa do lugar. Azar.
Sinto falta da minha mãe mandando eu lavar a louça, e muita das vezes era apenas um copo. Antes eu achava pura neura, mas agora a entendo perfeitamente. Acho que ela sempre achou que eu tivesse facilidade para dormir, porque toda noite ela abria a porta do meu quarto e me cobria, e me encarava com cara de mãe. Eu sempre achei isso uma fofura, e é uma das coisas que mais sinto falta. A gente ficava até tarde assistindo filme, seriados e manhattan conection.
Lembro que quando uma brigava com a outra, ela dizia que não ia fazer mais almoço, e ficava nessa por dois dias, até que no terceiro dia ela estava lá, de frente pro fogão. Saudade tem lá seus pontos positivos.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Poema (Fernando Dias)

Poema é noite cheia de amargura.
Poema é a luz que brilha lá no céu.
Poema é ter saudade de alguém, que a gente quer e que não vem.
Poema é um cantar de um passarinho, que vive ao perder seu ninho, é a esperança de o encontrar.
Poema é a solidão da madrugada, um ébrio triste na calçada, querendo a Lua namorar.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ponteiro

Feito com o Hélio

Quando eu acordei, me senti quente. Estava nos seus braços, é claro. E o jeito como você acariciava meus cabelos, como eu sentia o cheiro da sua pele e sua respiração fazia cócegas em meu ombro. O tempo não passa com você, ainda assim, nunca é suficiente. Olha só, quero te dizer algo que tem muito tempo que eu queria dizer. Olha pra mim.

Veja como meus olhos querem te dizer algo. Por mais sucinta que desejo ser, não me conformo nas palavras que decidi lhe dizer, parecem insuficientes, e te culpo por isso, por tanta perfeição contida em um só corpo. Enquanto você adormecia, aproveitei a fresta aberta da cortina para te observar, e não pude me conter; percebi que era você, e dessa vez, eu não tive dúvidas. Esse seu rosto lindo, enquanto dorme, me faz pensar o quanto a vida é cruel. Droga, eu sabia que era você, sem dúvidas, e eu sentia muito por isso. Eu podia te amar de tantas formas, mas eu sabia: era você quem eu iria quebrar o coração.

E realmente, eu não tenho motivos para isso, não é da minha natureza, da minha índole. Às vezes eu pensava em maneiras de contornar tal fato, evitar te machucar, correr o risco de te perder. Cogitei certa ideia de você vir morar comigo, percebi que cervejas não foram suficientes, somente seu alento podia me confortar, e é verdade. Mas algo dentro de mim me impede, entende?

(...) Minha vida inteira foi composta de afirmações, não sei se estou preparada para a primeira negação.

Então, quando você me olha, eu finjo meu melhor sorriso e você é tão lindo que eu me sinto num clichê terrível por tudo o que está acontecendo. Eu vou falar. Eu tenho que falar. Tem muito tempo que tem algo que eu tenho algo pra te dizer. Posso dizer? Então, olhe pra mim.

- Eu não te amo, mas eu te amo.

Sua testa se franze de um jeito doce (até assim você consegue ser doce), é demais para mim. Eu não queria respostas. Desejei estar surda naquele instante. Foi quando você me envolveu em seus braços e sussurrou:

- Isto não é o fim. Nós ainda nem começamos.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Aqui e ali.

Tem muita coisa que você procura esconder, e isso não só me intriga como me faz querer saber mais a cada instante.
Ficar calada faz parte de meus planos, por mais que eu tente desvendar algo em ti me sinto impedida, não devo, não posso. Por que eu, e não você? Sei que não é medo, então é tudo falta de vontade?
Impossível de saber.
E também não sei agir.
Eu tenho paciência, e como tenho, só não sei se vale esperar ou continuar calada.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Negros olhos

Com Hélio
Quando o vento entra pela janela, eu me arrepio. A solidão daqui é tão cruel, onde você está? Foi comprar cigarros mas nem fumava. E todos aqueles sonhos nossos? Estão empacotados entre os livros velhos e a caixa de vinis do meu pai. Bóris me olha com seus olhos de gato, ele sabe. Acho que se ele falasse, até diria porque você se foi.

Talvez porque eu discutia com você por ter tanto ciúme, por ter tanto medo de um dia te perder. E agora esse medo me consumiu. Talvez fosse apenas uma daquelas histórias de que eu estava com medo e você me dava segurança. Na verdade, o medo é a única certeza da minha vida. Mas é que sem medo eu não faço as coisas. Sem o medo de fracassar, eu nunca teria mudado de cidade, de vida, de amores. Eu não seria nada sem meu medo.

Agora estou aqui, neste apartamento gélido, onde a outra metade da cama é incapaz de ocupar um vestígio seu. Nem o Bóris insiste em espreguiçar todo aquele corpo gordo e peludo no edredom, e isso é impressionante. O clima é pesado, sua ausência me causa um aperto desconhecido, se é paixão eu não sei.

Se foi paixão eu até duvido, mas que foi muita coragem, ah isso foi.

Os minutos passam e não me canso de olhar para o celular, ainda espero um retorno seu, uma mensagem, um toque por engano. Fico pensando o que você recorda de mim, será que fui o bastante para o seu amor? Me indago até chegar a respostas, mas não são respostas, eu continuo em dúvida. E pela primeira vez, choro por alguém.

Quando o vento passa na sala, eu guardo todas as minhas lembranças e perguntas e coloco ali na caixa que eu vou deixar, quando eu partir. De você, só levo uma caneca linda e um livro de Burroughs, sobre gatos. E Boris, é claro, porque sem seus olhos eu teria muito medo de viver.

sábado, 24 de abril de 2010

I just don't know what to do with myself.
Oh gosh, I have so many things to do, so many things to think.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Resposta

Hoje está um dia quente, apesar da minha sensação térmica estar gélida.
Faltam poucos dias e é deles que culpo a frieza dentro de mim. Eu acho que é medo.
Ficar sozinha literalmente não é algo que eu saiba lidar, mas está na hora de aprender.
Por hoje é isso, quando tem muita coisa dentro de nós fica difícil extrair...

domingo, 11 de abril de 2010

Tortura Temporaria

Serei direta e sem metáforas.
Não sei o que faço diante dos fatos, está tudo em minhas mãos e tenho dois caminhos a escolher.

Trancar minha faculdade, sair dos mimos e do conforto de minha casa, e mudar de cidade para estudar e morar em uma república. Eu já estaria lá se a minha única preocupação fosse deixar minha mãe sozinha em um apartamento tão grande, é só isso que me preocupa, não quero ve-la triste, e isso está acabando comigo.
Ou
Ficar onde não gosto, mas tenho minha família e continuar minha faculdade ou pagar R$1.300 para estudar no curso que quero.

Por que tudo tem de ser assim? Eu não sei mais o que fazer, o que pensar...não sei o que é o certo.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Ela

Ela era daquelas meninas que se apaixonavam no primeiro suspiro.
Muitos diziam que era para casar, mas coitada, por volta dos dezoito seria um desperdício.
Tinha uma beleza única, pudica, simples e diziam que ela ainda tinha um mistério. Ela mal sabia disso, mas deveria.
Entregava seus desejos por amor, e para os outros, mesmo não sendo, ela fazia acontecer, era tudo questão de tempo.
O problema maior eram suas expectativas que por sua ingenuidade, todo aquele afeto tornava-se único.
Ela desconhecia das coisas passageiras e não adiantava tentar mudar, porque não há culpa em quem sabe gostar.
Ela esconde o choro, encolhe na cama e questiona: "por que as coisas são assim?"

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Terminal

Aquele assento parcialmente confortável não me consolava em nada, encostei minha cabeça na janela e esperei o motor ligar para ter ódio da partida. Tentei me concentrar e ler um pouco de Faulkner, mas não via sentido naquelas palavras. Eu precisava de um cigarro, pensei, mas cigarro não, eu estava tentando parar.

Talvez um copo inteiro de pinga resolveria meu problema, mas devido ao meu enjôo eu vomitaria o chão do ônibus inteiro. Aquele cara ali do meu lado era um intrometido, me encarava de um jeito tão fúnebre. Ou talvez estivesse realmente preocupado, coitado.

O que eu queria era ficar ali pra sempre. Aquele ônibus prestes a partir, aquela chuva que me lembrava que o dia estava acabando mal. Ir embora sempre era a pior parte. Olhava as luzes do lado de fora e pensava: como uma cidade podia brilhar tanto? Queria que tudo se resumisse à mim, assim não haveria lugar para ir. Não haveria mais partidas.

Não poupei lágrimas, e como elas ferviam. Meu corpo não reagia por falta de vontade, mas se eu pudesse desfrutar da minha única vontade eu sairia dali naquele instante. E quer saber? Eu podia sim fumar um cigarro. Que droga, parte de mim sempre morria ao deixar este lugar. Eu queria deixar isso dentro de um cinzeiro e só soprar tudo na chuva lá fora. Depois sairia correndo, porque mesmo sem rumo eu teria um destino.

E quando penso em correr e ficar, o ônibus segue seu rumo, e eu sigo sem destino.

(Hélio compôs o texto também)

segunda-feira, 29 de março de 2010

Sem Despedida

Esperar que meus minutos passassem, e que minha angústia solitária saciasse, extrairiam doces lágrimas do outono passado, desde quando não pude te impedir de ir embora.
Não sei do tempo que lhe resta, nem do que me contesta.
De certa forma fui injusta e egoísta, pois não me cabia a quantidade de teus sentimentos, tão reais.
Vovó Lila havia me ensinado a não crer em palavras primárias, e sim em atitudes do amanhã, tola sem experiências, me permeti acreditar, e acreditaria em tuas bobas mentiras se me dissesse que sempre foram verdades.
Se soubesses o quanto pedi que estivesse contigo até o tempo nos separar, minhas lágrimas seriam de lembranças, mas não foi por querer.
Preparar o chá de camomila ainda faz parte de minha rotina, plantar as tulipas e gardênias me remetem aos dias na praia, o tempo nublado, tão gélido, e você ali, rindo dos meus dedos roxos de frio, me aquecendo com teu forte abraço. O balango da cadeira antiga da tua vó me acolhe, porque sei que tem um pedaço de ti bem ali. O gato vai bem, com greve de fome, creio eu de saudades.
E eu? Acho que aguento, boa viagem.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Forever Young

E como eu queria! Como gostaria de ter tido uma juventude sem burocracias, sem medos.
Mas mesmo assim consigo sentir tanta vontade de gritar para você que sou apaixonada por todos os momentos que me foram destinados.
Todos os aromas, toques, palavras, gestos, sorrisos, desgostos, sussurros, mentiras, expectativas, vontades, desejos, decepções, beijos, lágrimas e desesperos.
Dentre eles não são vestígios e nem lembranças, sou eu.
Deixaria tudo de lado para que meu instinto pudesse fluir, me entregaria a um ponto expressivo sem timidez, onde fechar os olhos e deitar na areia salgada fosse o suficiente.
Seria tudo tão sereno, tão intenso;
Ter a prudência de saborear momentos tão doces sem precisar despertar, sem imprevistos.
Isso para mim seria vida, mas o problema é que nasci na data errada.

terça-feira, 16 de março de 2010

falta pouco para muito.

há pouco tempo comecei a resentir meus intuitos,
e meus desejos me reencontraram, o que já era hora.
durante seis dias descansei meu corpo em uma fadiga excessiva,
sem procedência;
estou criando um bebê,
onde deposito esperança, medo, vontade e inúmeras ânsias.
adoraria se fosse o suficiente, mas é preciso nutri-lo.

antigamente a solidão me chateava de maneiras brutais, hoje nem tanto;
pois eu sei, que é mais passageira do que minhas neutras implicâncias.

conheço pouco do meu ego, e o que me acalma é a própria calma.
minhas lembranças me dão vitalidade, vontade e a liberdade em poder agir de uma maneira singular, sem receios.
sinto muito e não sei o que fazer, esmero por atitudes inesperadas.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Felicidade Instantânea III

Não poupei sorrisos, dentre eles uns tímidos, e saturados.
não coube essa sensação em mim,
e foi pela minha vontade que deixei acontecer.

Orgulho e alegria
me irradiaram
era algo intenso que há tempo me sondava
e deixou explícitos rastros de fervor.
A fadiga me contia de um modo diferente
enquanto a ansiedade me invadia por causa do amanhã
de rotina incerta.

Nasceram expectativas, dentre elas ilusórias.
E não fora de minha inocência, e sim pela pouca experiência.

Uma felicidade instantânea, em meados de uma semana.
Não anseio por continuidades;
porque sabe, é sempre assim, a hora da despedida se adianta, e você não sabe dizer adeus.

(Base central da Luli, mas conteúdo modificado por mim)

sábado, 30 de janeiro de 2010

brasília é mimada

Quando entro no ônibus, todos me olham com uma cara estranha, como se eu estivesse com o zíper aberto ou uma placa na minha cabeça pedindo que eu seja chutada.
Não gosto disso não! É uma cidade onde a maioria procura comparar cada coisinha com o outro, se o meu brinco e dourado, o da menina é melhor porque é prata, de ouro branco. Enquanto me contento com o meu par de R$3.
Eu até deixaria essa idiotice de lado se não me irritasse tanto ao ponto de fazer cara de vômito sem esforço, esse pessoal está contribuindo para a minha produção de bilis.
As coisas acontecem com um determinado objetivo, algumas são extremamente simples, e de um dia pro outro se tornam tão delicadas. É por isso que travamos na hora de reagir quando acontece isso, ou o instinto fala mais alto e diz logo que está com medo.
Eu particularmente prefiro resistir em silêncio, como de rotina.
Não que seja algo ruim, mas existe coisa melhor. Não vou me adaptar a futilidade de ir ao Shopping para ir ao cinema, pagar 15 reais pela entrada, ver o filme, dar uma volta e encarar as pessoas dos pés a cabeça e fingir que sou demais.
Vou doar um pouco do meu egoísmo para esse pobre pessoal, PORQUE todos fazem isso pelos outros, para agradar, ganhar popularidade e dignidade(NOT), agora me diz, PRA QUE? Há outros meios de conquistar isso, e não é preciso mudar nada.
Eu cansei de aturar pessoas deste jeito sem falar nada, a comodidade incoveniente e o excesso de falsidade é o alimento deles. Apetitoso não é?
Espero que eu não pegue essa doença, desde que cheguei aqui, pois meu sistema imunológico anda tão fraquinho.
A próxima vez que alguém for me encarar por mais de 5s vou oferecer uma câmera para que ela possa tirar uma foto e guardar de lembrança.
Quem sabe daqui uns 10 anos eu dou o fora daqui e vou morar na praia? É, vai sonhando..

mas até que gosto um pouquinho daqui, assim... um pouquinho.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Game Over


" para amputarmos a perna de algumas pessoas estamos utilizando vodka e um machado "



Nunca fui de comentar nada da realidade dos outros países, mas ultimamente eu ando chocada demais, e essa reação veio em boa hora, porque isso anda me incentivando a ser voluntariada.
o mundo anda numa desgraça há muito tempo, e a tendência é só piorar, e não estou sendo pessimista, porque nem isso adianta mais em uma situação como essa, estou sendo realista. A próxima vítima pode ser qualquer um de nós a sofrer um abalo, uma força brutal da natureza que destrua como destruiu no Haiti, ou também uma pandemia, como também um atentado.
As pessoas precisam da ajuda de todos. Gente, estamos no bem bom, sei que temos que cuidar de nossas vidas, mas quem tem essa vontade de ajudar, não é ajudar todo mundo, e sim quem precisar, que vá, por favor.
Eu estou indo, mas não sei quando vou chegar.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

18 anos

Tem um post aqui que estou suplicando para que meus 18 anos cheguem logo! E mal posso acreditar que estou quase lá, admito que estou um pouco ansiosa, mas com medo de não dar conta do recado.
Ainda sou uma criança, mas tenho algumas condutas de pessoa mais velha, o que me dá um ar de responsável, mas no fundo, sei que não sou muito não.
Mas vou precisar ter.

Estou feliz porque lembrei do que eu tanto sonhava, que era ter 18 anos!
Vou poder tirar carteira logo logo, e vou poder dirigir, porque dirigir é gostoso demais! Adeus ônibus lotados com pessoas grossas, fedendo e com o funk do celular ligado, será só em caso de necessidade, porque a gasolina está quase R$3! SIM! Um absurdo do capeta.

Vou poder realizar meu sonho de ir pro exterior (espero que eu seja mandada para a Califórnia) e trabalhar lá durante um ou dois anos! É uma experiência única, e quero usufruir disso com muita vontade, mas esse ano não dá, meu inglês sofreu muitas alterações pela falta de uso, portanto, deixo pro ano que vem.

Arranjei locais onde vou poder trabalhar apenas na Sexta, Sábado e Domingo. Já que odeio sair de casa nos fins de semana, eu me dei bem.

Tenho que tirar meu título de eleitor, queria nunca me preocupar com isso, porque não tenho interesse em nenhum candidato desde que me meto nos votos da minha mãe, quero mais é que todos vão pra puta que pariu.

Não vou poder dar mais desculpa na C&A, Renner, Marisa que não posso fazer o cartão deles porque sou menor de idade, DROGA! DROGA! Eu odeio esse pessoal.

Vou ter que parar RADICALMENTE com meus vícios, senão vou presa mesmo. Ah, vou sentir saudades das Lojas Americanas, dos chocolates que não comprei, dos livros, do baralho dos Simpsons e balinhas azedas.

Bom, não interessa.
A meta é: Arranjar um bom emprego, tirar a carteira de habilitação até o final de Março, e decidir se entro pra Faculdade ou faço um curso técnico.
Ah, e tenho que terminar as minhas aulas de Filosofia do ano passado! Cacete.

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