A solidão tão sozinha me encontra na janela do meu quarto. É lá que meus olhos estão, esperando alguma coisa interessante acontecer diante das luzes amarelas lá da rua mórbida que me faz jurar de pé junto, inconscientemente, que nada de interessante vai me acontecer.
Meus ínfimos devaneios ainda me consomem desde a semana passada, acredito eu, que nunca estivera tão confusa em todos esses vinte e um anos, entre decidir qual rumo de vida devo tomar. Meu passado interminado ainda tão inerente à mim confunde meu presente tão cheio de decisões. Tento pensar, mas estou ingessada. Questiono onde a minha abstração e a minha sensibilidade foram parar, mas não obtenho retorno. Às vezes cogito que a deixei lá atrás, bem migalhada, no banco da Praça da Liberdade esperando ser libertada, na Rua da Bahia com a Afonso Pena, esperando o aval para poder andar até meu pé corar de sujo. Pensei, pensei, chorei e mais uma vez pensei; preciso procurar por ela e ela precisa saber que eu a procuro. E sabe, só saio de lá com ela.
Minha poesia quis ficar, despediu-se sem um mísero aviso, acredito que bastante decepcionada com a obrigação que me fizeram. De mim, são só palavras magoadas, carregadas de saudade de quem eu era e da liberdade que o meu corpo carregava e expressava. Eu tinha amor pelas pessoas e era tão grande que elas não precisavam ter o mesmo por mim. Fecho os olhos e me imagino com uma garrafa de vinho na mão, um cachecol da cor da bebida e os lábios também... No momento, me conforta. Está frio e eu bebo para me esquentar, o vinho me dá um baita sono, mas eu estou ali; sentada no banco da minha liberdade, esperando rostos genuínos, apaixonados e familiares passarem. E diante disso, procuro renovar o que fui obrigada a deixar; a minha esperança.
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