quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cosmo

Os dias não são iguais, o sol nasce diferente tanto quanto nós acordamos diferente. A lua dorme de um jeito, e nós também.
E as estrelas... nunca na mesma quantidade. Nossos altos e baixos se resumem na diferença de cada dia. Porque uns brilham mais que os outros.

sábado, 19 de junho de 2010

Prazer, Isabela.

Mais uma madrugada, e eu sinto saudade. É, sinto. Saudade de onde eu jamais imaginei sentir, saudade de Brasília. Quero tanto aquele abraço de mãe, que te faz sentir aroma de amor. Ah mãe, você é tanto, que não cabe a mim medir o quanto.
Nós aprendemos, da maneira mais radical, a crescer e envelhecer, a perder sem saber porquê e a chorar para tentar entender. É isso que eu faço. Choro, e choro mesmo, por tudo que não pude compreender, por aquilo que eu desejei tanto mas não tive coragem, por tantas expectativas de uma menina de grandes sonhos.
Eu acredito em mim, e não é pouco, é muito. E também enxergo mais que o normal, mas não são só nas coisas, e sim nas pessoas. Não é lorota, acredite se quiser; eu não preciso saber de mais nada quando posso simplesmente sentir.
Das duas vezes, ambas falharam, mas eu bem entendo que um percurso tem de ser seguido, os dias e as horas, elas vão embora. Mas saiba, que se meus olhos te cercam é porque eu sei quem você é.
E pra mim, nada muda.

sábado, 12 de junho de 2010

Beija Flor

Vai de flor em flor, extraindo todo o néctar. Mal sabe ele que um dia isso acaba, que tudo se torna monótono. Mas ele pensa; outras flores virão. Ou não.
Eis que distante há uma flor, e ela sabe que aquele Beija Flor esconde medo e orgulho. E para ela, coitada, disposta a entender, não foi difícil. No momento em que aquele bico a tocou, ela pôde sentir.
Coberto de mistérios, é um pássaro livre. Apesar de seus olhos, pequenos, porém intensos, mergulhados em uma desconhecida solidão, cercado de receios, tão bobos. Que por sua sorte pareciam ser evitáveis.

E foi-se, silenciosamente.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Maresia

Feito com Hélio.

A água bate nas pedras da costa, fazendo-as rolar pela areia molhada onde meu corpo está deitado.
O sol queima minhas pálpebras e ouço gaivotas ao longe, e um leve cheiro de sal e água e qualquer coisa que o mar carregue. Eu deveria estar dormindo em casa. Minha casa está logo ali.
Depois de uma intensa briga, a mais intensa depois que nos casamos, meu medo maior de desapontar todos os seus sonhos desde sua adolescência, não só seu, como os nossos. Há pouco pude escutar o seu choramingar.
Estou morto agora.
Queria que ela viesse aqui, agora. Mas eu estou errado, ando errado há muito e não consigo evitar mais, me diz por quê?
Tirésias que vem com as ondas. Tirésias o cego, vê, enxerga, estou morto. Sou apenas a sombra de um homem. Amarga em mim o desejo de viver os sonhos perdidos do amor que eu desperdicei. Estou errado em estar morto agora? Tirésias não pode ler meu futuro - não há futuro para aqueles como eu.
E na terra onde se lamenta e range os dentes, o Filho do Homem me olha com olhos de águia, como Clint Eastwood, como o sol, queima, queima, e range os dentes.
Nem um tiro no meio da minha testa seria justo o suficiente para cobrir meus atos infames. Eu estava morto, mas pude sentir a fragrância de seu cabelo a certa distância. Isso poderia significar duas coisas; eu estava no paraíso ou você estava realmente perto de mim.
Então eu botei todo o mundo na ponta do baseado e traguei mais uma vida, mais um sonho, mais um pouco de você.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Girassol

Eu tinha apenas dezenove anos e continuava com intermináveis perguntas dentro de mim. Nada incomum, antes perguntas a respostas prévias. Eu gosto de mistério, de deixar meu pensamento divagar em cada segundo que deixo passar. Achei que nunca sentiria saudades, nunca mesmo, nem de meu primeiro animal de estimação. Grande Stuart, pobre felino, tão magro que quando chegava visita lá em casa ele conseguia se esconder por baixo da geladeira.
Era assim, papai me disse que só sentimos saudade das pessoas que realmente gostam da gente, mas é uma mentira, nua e crua. Não sei de onde ele tirou essa tese infame, porque certamente ele deve ser o único a pensar desse jeito. Mamãe sente saudades dele, e ele... Continua viajando sem data pra voltar.
Eu mesma sinto falta de muitas pessoas, e elas parecem não se importar. Ou eu sou a boba da história ou é meu jeito inocente de gostar das pessoas demais. Pouco me importa se o que sinto não é o mesmo, não é todo mundo que tem companheirismo, e independente da ocasião, faço questão em dar.
Foi-se a época em que todos eram gentis, bem antes da minha avó, creio eu. Para você ter ideia, moradores faziam bolos e presenteavam os vizinhos sem motivo algum, apenas por boa índole.
Já hoje, na ausência de açúcar, que engula o café amargo mesmo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Amanhecer

" Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir o nãos que a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar."
Caio Fernando Abreu