terça-feira, 28 de abril de 2009

insônia maldita

quero dormir, mas não dá
minhas unhas aparentam destruição
o céu lá fora continua como noite
são cinco da manhã, e nenhuma alma sequer.
e eu quero.

já não penso mais nada, entreguei meias idéias ao travesseiro.
e as cinzas do incenso em cima da mesa ainda exalam o cheiro retardante das sete ervas..
misteriosamente, dentro de mim surge um medo, medo mesmo, envolvendo meu corpo num pavor tão estranho.
levanto-me da cama, sinto enjôo;
sem definições e súbitas explicações.
minutos insuficientes se passam, o céu ainda negro, luzes amarelas pela janela
minha cabeça sufocando neurônios, pés gelados, uma fome excessiva ..
e os minutos brincando de fazer hora.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

então é isso.

é, estranho está, confortante, consciente, em algum ponto, desesperador...
é assim então? quando um pensa, o outro resolve não pensar?
há um dispositivo acoplado entre os seres, é da natureza, certo.
vejo isto nos outros, mas não sou parte de outros, eu me conheço;
supostamente, se é assim, prefiro ser ninguém.
meus arrepios sabem que é tudo parte de um pressentimento.
já não sei se é mais tempo; dói-me esperar.

dentro de mim dissolvem-se coisas incertas, as gotas de chuva pararam há dias, queria ter dançado, deitado na grama úmida e depois rir, de qualquer coisa.
não tenho pressa, nunca tive.
não tem mais explicação, também não quero saber, elas virão..


saudades de atravessar o sinal com o sol cegando-me, atravessá-la me dá vontade de pensar mais.
mas é só uma rua, pela manhã doce daquele sol sedoso.
minha inocente cara estúpida esconde verdades misteriosas, vontades únicas e dúvidas sem respostas.
digo que não tenho mais medo, mas meus olhos não mentem, dizem bem mais do que um corpo inteiro..
provei de minhas lágrimas, tão salgadas, pesadas.

sentei ao lado do hippie que fazia meu colar e ao lado vi um bebê com a mãe, brincando, rindo, estavam tão distante do mundo sujo que tem em volta, eu senti.
fez bem, faria bem a todos se visse.. era encantador, até o vento que soprava fazia sentido.. e depois o pai os abraçou.
e se eu pudesse definir a pureza, eu definira por aquele momento.
não me esqueci que tudo isso ainda existe, e como existe
!

é esperança;

quarta-feira, 8 de abril de 2009

tudo mudou..

Nossa realidade é sufocante, não temos mais capacidade de descobrir a felicidade, nem crianças mais são assim, todas agora também se preocupam com o que as amiguinhas vão pensar da nova Barbie. Corrompem nosso pensamento a cada geração que há gerada, a cada mudança se destrói uma parte de algo, renova-se, enterra-se.
Na época de minha mãe todos saiam para um único lugar, onde todos confraternizavam sem preconceitos e delírios entre uns e outros, não tinha toda essa vulgarização imatura, insinuações lascivas, repressões do próprio sentimento, eram todos livres para pensar, agir.
Ah, eles sabiam o limite.
e onde iremos?
não posso sair na rua com um chapéu que me olham torto, como se eu estivesse nua, por dentro sei que dão risada do que sou.
No shopping, se eu não estiver de acordo com o padrão que se exige, faltam apenas me exilarem.. são todos iguais, guerreando entre roupas, tão fúteis.
Estamos assim agora, e daqui mais vinte anos, o que será? Meus filhos andando de uniforme, terno, em um sol de quarenta graus?
HAHA não, eu certamente não sei o que fazer, sei que não há salvação. Não há mais lugar para quem pensa assim, e há quem pense que o lugar está nas drogas, pobres iludidos. Sabe, vou dançar na chuva e cantar até minha garganta estourar. não me importa o que vão pensar.

Carta ao Governador de DF

Prezado Governador José Roberto Arruda,
Tenho dezessete anos e estou cursando o segundo grau no colégio CESAS, me mudei para Brasília a cerca de três meses com o intuito de ter uma melhor condição de vida, estudar e administrar minha vida numa forma sem necessidades.
O Ensino é bastante eficiente, professores dão o melhor de si, não há preconceitos em relação às pessoas com necessidades especiais e com as ideologias diversificadas, algo muito incomum de encontrar em nossa sociedade hoje em dia. Há pessoas de diferentes idades freqüentando, desde a adolescência até a fase adulta, muitos trabalhadores, mães, avós, com o objetivo de terminar os estudos, independentemente das dificuldades que passam, a vontade de estudar é branda.
Os professores vêem nos alertando sobre a manutenção salarial com aumento de 19,98% que está sendo descumprida atualmente. Penso que, professores são a base para formar um futuro mais consciente e responsável, pois também nos ensinam a ser alguém quando há ausência da família, há alunos que estão todos os dias na escola para conseguir uma boa nota, adquirir conhecimento, respeito e perceber que possui capacidade própria de enfrentar obstáculos que não acreditavam alcançar.
Muitos saem do interesse de uma vida fácil, como o tráfico de drogas, roubo e violência, quando descobrem a própria capacidade de aprender, eles se encantam e começam a observar o mundo extenso que há ao redor, o quanto pode-se mudar, fazer diferença, bem as pessoas, preocupar-se, ser humano.
Os livros confortam as mentes dos que têm dúvidas, a atenção dos professores passa um conforto a quem não possui, a convivência social cria respeito, zelo.
São conceitos que todo ser humano necessita ter.
Leis foram feitas para serem cumpridas, principalmente com o princípio de auxiliar a população, temos esse direito, pagamos impostos, obedecemos rigidamente as leis, e como vivemos num país democrático, possuo a liberdade de expressar minha opinião e questionar minha preocupação.
Estou aqui, em nome de todos os alunos que estão sem aula, é totalmente prejudicial a nós, com interesse de terminar o segundo grau e tentar o futuro em Universidades, Concursos Públicos e outros interesses.
Conhecimento é uma das coisas mais preciosas que podemos ter, é com ele que expressamos nossos ideais, conquistamos respeito não só aos outros como o respeito a si, construímos valores e passamos adiante.
Peço-lhe por favor, que tome uma decisão imediata para acabar com toda esse percurso conturbador, o senhor não acha que já temos problemas demais para enfrentar?
Ao agir sobre uma ação, naturalmente moverá positivamente em outras.
Até onde irá todo esse sufoco?
Porque se depender de nossa atualidade, ninguém moverá esforços, acabaremos ignorantes e iludidos, com crianças grávidas de crianças, violência explícita a cada metro quadrado e a fome não será mais um problema, porque a ignorância tomará a mente de todos.
Agradeço a atenção,
Isabela Seabra

terça-feira, 7 de abril de 2009

sem mais

sinto frio, abro o armário e junto malhas passadas, linhas sortidas, quantas cores!
vou costurar, enquanto a água ebule na chaleira, e o pó de café exalava todo aquele cheiro sedutor.
acordei sobre preguiça, corpo gasto, não sei, culpa das gotas glaciais da madrugada passada, ou o tempo que passei desacordada movida pela sonoridade que o vento descrevia.
nada surpreendente, contento-me.
e agora? novamente meus olhos percorrem a velha rua,
alguns carros passam, mas não respostas, são precisas.

meu apetite é intenso, tantos sentidos;
só quero corroer dúvidas e razões subjetivas.
ainda há sentidos, mas não o que pensas.

deixe, deixo, estou deixando.
serena a tarde que cai, as folhas permanecem úmidas desde a última chuva
sei o que se passa ali
mas não aqui

ainda não.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

precisa liberdade

é medo, de tudo?
me envergonho, até hoje, será por quê?
ah, não sei das consequências, de que elas valem?
não que seja uma atrocidade em certa palavra,
mas analisando é repugnante.

bonito, expressivo, pácifico, bom;
não consigo.
a desejar a mente livre, pensamento.
imaturo meu, teu, tanto faz.
só interprete.

ah, conservar meu corpo aniquilado nesta cadeira morta torna-me hiperativa.
o que posso fazer?
ali em cima, o relógio de plástico comprado naquelas lojas made in china marca um ponteiro distante ao outro.
enquanto minha mente entorpece vagamente nas inerentes nuvens cinzas que abrigam o céu;
tão tímido, quanto eu.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

folhas nas gotas

o fogo que acendes é o mesmo que carboniza a essência interna,
não sabes.
olhe aí, borboletas caminhando nas chamas, te analisam sem perguntar
o timbre sonolento vem aos poucos
de que importa, que venham conversar.

melhor esconder-se, refugie-se ao extenso vácuo.
assim é, não enxergas a raiz da árvore, tão límpida, viva.
não;
percebes que as pedras não são pedras, duras, infinitas?
pois são
misteriosas.

lá fora é melhor, não sei se é respirar.
é meu mundo, minhas mãos dançam acordadas do chão ao céu, sem destino.
agora, agora, agora!
aquela grama envolvente descansa meu corpo, não ouço mais nada;
verdade
agora posso voar, de olhos fechados ainda na grama
tempo, disseram que era pouco
discordo.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

wouldn't it be nice ?

está chovendo, cada gota que cai daquele céu eu tento escutar, ontem vi a lua mais encantadora que alguém pode imaginar, se é que pode; era tão grande e tão amarela, sua cor me espantava a cada centímetro que eu distanciava, o que mais me intriga é que sempre será a mesma, e ela consegue ser diferente todos os dias, isso é lindo.
de uns dias para cá eu nunca pensei tanto na minha vida, que achei que abelhas haviam picado minha cabeça, de tanta dor, é sério... tecnicamente não acho que nada seja nada, não é suficiente para eu achar alguma coisa, que dê fundamento.
me satisfaço com minha certeza, seja ela daqui cinco ou mais anos, sim, certeza é incerta, tão dependente do futuro, do próximo segundo, você está lendo aqui, tem certeza que teu computador não vai dar um curto circuito e não lerá mais no próximo segundo?
não, não tem, aliás, não temos.

mas, olha, nunca achei que usaria essa palavra, mas meu interior pede com verdade, é preciso .
não fé religiosa, não existe só esse tipo de fé, se existisse acho que eu não a citaria, pois ainda não tenho;
fé..
s. f.
1. Adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro.

é isso, se é verdadeiro e acreditas com toda profundidade, não há o que preocupar.
vale o tempo, construir com a base da fé o que vem adiante.
e pra quem não tem pressa e decidiu o que fazer, vale apenas viver e não esperar o que vai acontecer.

muito melancólico, dramático.. não sei se objetivo.
mas e daí, estou assim
.