quarta-feira, 9 de junho de 2010

Girassol

Eu tinha apenas dezenove anos e continuava com intermináveis perguntas dentro de mim. Nada incomum, antes perguntas a respostas prévias. Eu gosto de mistério, de deixar meu pensamento divagar em cada segundo que deixo passar. Achei que nunca sentiria saudades, nunca mesmo, nem de meu primeiro animal de estimação. Grande Stuart, pobre felino, tão magro que quando chegava visita lá em casa ele conseguia se esconder por baixo da geladeira.
Era assim, papai me disse que só sentimos saudade das pessoas que realmente gostam da gente, mas é uma mentira, nua e crua. Não sei de onde ele tirou essa tese infame, porque certamente ele deve ser o único a pensar desse jeito. Mamãe sente saudades dele, e ele... Continua viajando sem data pra voltar.
Eu mesma sinto falta de muitas pessoas, e elas parecem não se importar. Ou eu sou a boba da história ou é meu jeito inocente de gostar das pessoas demais. Pouco me importa se o que sinto não é o mesmo, não é todo mundo que tem companheirismo, e independente da ocasião, faço questão em dar.
Foi-se a época em que todos eram gentis, bem antes da minha avó, creio eu. Para você ter ideia, moradores faziam bolos e presenteavam os vizinhos sem motivo algum, apenas por boa índole.
Já hoje, na ausência de açúcar, que engula o café amargo mesmo.

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