sábado, 15 de outubro de 2011

Inocência


Amanheceu. O sabiá emanava a manhã enquanto a neblina esvaia lentamente pelas árvores.
Teus olhos permaneciam fechados, contidos em uma singela harmonia.
Assim como o teu alento, o frio invadia a janela do teu quarto e teus pés procuravam um refúgio.
Relutei para levantar.
Era domingo, casa nova, o gato ronronando no canto da cama, você e nossa genuinidade. Finalmente.
Não fosse pelo nosso gato, Chico, eu acreditaria em um possível sonho. Mas não, estávamos ali, na cama, com um monte de caixa de papelão na sala para organizar, a parede branca para pintar e o café para servir.
Longe do trivial, as coisas fluíam em um percurso admirável e o tempo exercia sua função de acordo com as nossas intuições.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Bom dia, empatia.



Receio, era algo que eu queria, receio do que parece ser ínfimo ou do que realmente é importante, mas não tem coragem de sentir ou admitir. Jamais entendi essa realidade que paira na vida de uns, por isso sempre me lotei de perguntas intermináveis. Talvez seja a minha personalidade, de natureza impulsiva e passional. Não sei, eu disse talvez. Não entra na minha cabeça essa coisa de não aceitar o que você quer por causa disso ou por causa daquilo. É tão mais cômodo dizer sim, permitir, fechar os olhos, virar pro canto e lascar um sorriso.
Eu vivo em um mundo no qual as coisas são diferentes. Eu amo sem medo, amo demais, amo literalmente, sem dó e nem piedade. Amo como as coisas deveriam ser amadas, genuinamente.
Uns gostam, outros afastam. E o azar é deles. As coisas só existem quando compartilhadas, e não são só coisas. Sou eu, você, ele, aquele ali sentado no ponto de ônibus. O que ele sente? Você está bem? Quer gritar? Essa saudade dói? Me diz, o que você quer? Eu? Gostaria que as pessoas fossem mais profundas e reais, sem medo do que a natureza lhes permite.
Às vezes eu acho que é muito para o meu corpo habitar tanta empatia.
Talvez eu tenha esses olhos grandes de tanto analisar as pessoas, suas fisionomias, olhares e gestos. Eu absorvo, penso, sinto, penso novamente e guardo bem ali no cantinho da minha cabeça. Meu único receio é de que as pessoas continuem assim, com medo de viver.
Mas eu espero.