Amanheceu frio, e meus olhos abriram conforme a minha alma, calma e genuína.
A janela semi aberta permitia a entrada de um vento gélido, lento como a tua respiração. Preferi não te acordar para observar cada detalhe da sua fisionomia amassada pelo travesseiro, os resmungos indecifráveis que só de perto eu podia escutar. Eu não tinha muita noção das coisas, muito menos experiência, mas era desnecessário questionar a mim mesma o que eu sentia naquele exato momento. Mas ainda era um segredo, que meus olhos não conseguiam esconder. Apesar da minha descrença perante a boa parte da vida, o silêncio do teu sono trazia confiança. A esperança nunca me abandonou, talvez tenha sido por isso que a ilusão também não teve coragem de tomar o rumo de casa e me deixar em paz, mas aprendi a tratá-la como uma mera conhecida, muito malvada por sinal.
Naquela hora não me interessava o quão esperançosa eu era, meu corpo já sentia saudade. É tudo tão simples e natural, e minha felicidade consistia em acordar com o seu 'bom dia' de cara amassada.