Sempre acreditei que por trás de qualquer ser humano existisse a pureza, e ainda acredito. Não vejo razão em tanto desprezo que muitos têm diante da expectativa, ela para mim, é somente um sinônimo mais bonito da esperança, com uma pitada de inocência. O que me resta? Eu e todos os sonhos que carrego dentro de mim, do meu pequeno corpo cheio de coisa para falar e viver. Me encantam tulipas vermelhas, o mar azul da Grécia, a rua iluminada por lâmpadas amarelas e um colo para deitar. As inúmeras coisas que jamais pessoas se interessarão, as placas dos carros e suas numerologias, a velhinha do prédio da frente que me dá bom dia, o sorriso da atendente da padaria, o jeito como a mãe dá a mão para o seu filho, o céu do entardecer, deduzir o que o pessoal do ônibus anda pensando; o que passa na vida de cada um. Gosto de ver as pessoas darem risada, do amanhecer gelado, de saber o que eu quero, de uma mensagem querida no meu celular, do cheiro de café, da barriga rosada do meu cachorro, da minha mãe cantando, de poder passar os meus pés na colcha temperada pela manhã. Gosto de gostar, de um gostar genuíno que só eu sei. Mas sabe do que eu mais gosto no fim das contas? De não ter medo de tantas vontades.