quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Bom dia, flor do dia! II
Chico, pára de morder o meu dedão, por favor, não são nem 6h. Ou são? Se você tá me mordendo é porque você quer ir pra varanda e já são mais de 6h30. Ai, céus! Esqueci de recarregar a bateria do meu celular, e acabei perdendo a hora. No momento estou no banho, e se não me engano, são 09h36. Era para eu estar dentro da sala de aula há 2h atrás. Eu não deveria nem estar tomando banho, mas o Chico dormiu em cima da minha cabeça durante a noite. Ele tem medo da chuva, e quando chove, a única salvação é o meu travesseiro e o cheiro do meu cabelo. Pobrezinho, não é?
Até que hoje o dia está mais fresquinho, quando acordei, abri a porta da varanda e bateu um vento doce. O mar está brilhando, azul que só. Bem que eu poderia matar aula hoje e dar uma bronzeada no meu reluzente corpo albino.
Bobeira minha, sexta-feira que vem vou pra casa do Victor, e o mar de lá é bem mais gostoso que o de Ipanema. Pronto. Não vou secar o meu cabelo, não dá tempo e ainda tenho que abastecer o carro.
- Chico, fica bem que a mamãe já volta, até a noite.
- Miu.
- Não, pára com isso, não mia desse jeito que eu morro de dó e você sabe. É gracinha, você sabe e faz isso pra me provocar. Safado! Tchau, coisa.
- Mau...u
(Fechei a porta)
Ah, ótimo, adoro quando o elevador resolve ficar no 18º quando eu moro no 5º. Descer as escadas? Ah, mas nem pensar, estou super cheirosa, e me recuso chegar na aula fétida e suada.
Dois minutos esperando essa pocilga, eis que chega e encontro com a Dona Bruna, uma senhora do 11º, tão doce que dá vontade de adotar. Ela lembra muito a vovó, a voz mirrada e um sorriso revigorante.
- Bom dia, Dona Bruna! Como vai a senhora?
- Olá minha querida, vou muito bem, e você? Atrasada?
- É, esqueci de ativar o despertador. Estou super atrasada. Como vai o Delfino?
- Entendo. Delfino está ótimo, melhorou da gripe, e me pediu que te agradecesse pela atenção e as indicações dos remédios.
- Ah, que ótimo, Dona Bruna, fico feliz!
- Eu é que fico, muito obrigada. Bom, vou descer no Térreo, hoje é dia de feira. Um bom dia pra você, Manuela.
- Obrigada Bruninha, pra senhora também! Não quer uma carona?
- Não, querida, se eu não dou uma caminhada todos os dias, minha coluna fica dolorida. Obrigada!
Ela é uma graça, outro dia foi até lá em casa levar um bolo de cenoura para mim e um biscoito pro Chico. Vê se pode um mimo desses? Desde que me mudei para esse prédio conheço a Dona Bruna e o Delfino. São casados há 61 anos e têm quatro filhos, duas mulheres e dois homens. As filhas moram no Rio de Janeiro, mas sei que um dos filhos mora na Alemanha, já o João mora em uma cidade lá no Rio Grande do Sul, resolveu criar gado, plantar soja e viver disso. E vive bem.
(Amanhã eu continuo)
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Bom dia, flor do dia!
De acordo com as minhas expectativas, estava tudo dando certo, mais do que deveria. Era eu, aos meus incompletos vinte e três anos, no sexto semestre de Medicina. Era algo que eu planejara para a minha vida, terminar meu curso com vinte e cinco anos, daí eu poderia me mudar para Búzios e ir morar com o meu namorado, ou até mesmo o contrário. Namoramos desde meus dezoito anos, já faz um bom tempo que estamos juntos, entre brigas e lágrimas, nenhuma distância conseguiu nos atrapalhar. Creio eu que isso seja bastante raro nos tempos de hoje, muita gente não consegue manter a necessidade de suprir tais vontades, não que eu não tenha também, mas isso varia de pessoa pra pessoa. Eu e Victor nos encontramos duas vezes por mês, eu pego o carro e vou lá passar o fim de semana, depois de duas semanas ele faz o mesmo. Isso é realmente algo que facilita, não só o veículo, como também a liberdade.
Queria ter filhos, mas sei que como médica, isso só será possível daqui alguns sete anos, e espero ainda estar junta dele, porque não vejo outra pessoa mais qualificada para ser pai do que ele.
Moro com o Chico, meu gato, você precisa conhecê-lo, é daqueles bem gordos e folgados, que só sabem comer e defecar, tem uma pelagem branca e os olhos amarelados, um doce que só você vendo.
Mia quando quer carinho, e ronrona quando necessita dormir, e só dorme se for junto, senão vai miar a noite inteira.
Minha família toda mora em Ouro Preto, uma cidade bem perto de Belo Horizonte, em Minas Gerais, onde só existem subidas e descidas, se quer exercitar as coxas, lá é o lugar ideal. Tem uma comida mineira deliciosa e um clima gélido adorável, além da arquitetura rústica e do comércio, aparantemente pacato, porém, bastante caro.
Morro de saudade deles, principalmente da minha avó de noventa e três anos, que provavelmente ainda continua pintando quadros maravilhosos e fazendo cachecóis de lã lindos! Ela e minha mãe têm uma loja na cidade, onde são vendidos os chachecóis, alguns quadros da vovó e roupas que minha mãe compra em Belo Horizonte e revende. Meu pai dá aula na UFOP, a Universidade de Ouro Preto, ele dá aula de Clínica Cirúrgica e outras matérias que ele certamente vai me tirar algumas dúvidas.
Eu gostaria de ter estudado na minha cidade natal, junto à minha família, mas não passei no vestibular. Estudei como uma louca e passei na UERJ e amo o meu curso, amo.
Victor mora pertinho, mas mesmo assim a saudade é grande, ele já é formado e trabalha em um escritório de advocacia desde o começo do ano.
Se ele continuar trabalhando no escritório até eu me formar, pode ser que ele venha morar comigo e até lá ele consegue passar em algum concurso público aqui no Rio. Seria demais, o Chico ia adorar, né Chiquito?
(Eu não sei aonde esse conto vai acabar, mas essa é a primeira parte, espero que eu consiga escrever a segunda. Beijos.)
Queria ter filhos, mas sei que como médica, isso só será possível daqui alguns sete anos, e espero ainda estar junta dele, porque não vejo outra pessoa mais qualificada para ser pai do que ele.
Moro com o Chico, meu gato, você precisa conhecê-lo, é daqueles bem gordos e folgados, que só sabem comer e defecar, tem uma pelagem branca e os olhos amarelados, um doce que só você vendo.
Mia quando quer carinho, e ronrona quando necessita dormir, e só dorme se for junto, senão vai miar a noite inteira.
Minha família toda mora em Ouro Preto, uma cidade bem perto de Belo Horizonte, em Minas Gerais, onde só existem subidas e descidas, se quer exercitar as coxas, lá é o lugar ideal. Tem uma comida mineira deliciosa e um clima gélido adorável, além da arquitetura rústica e do comércio, aparantemente pacato, porém, bastante caro.
Morro de saudade deles, principalmente da minha avó de noventa e três anos, que provavelmente ainda continua pintando quadros maravilhosos e fazendo cachecóis de lã lindos! Ela e minha mãe têm uma loja na cidade, onde são vendidos os chachecóis, alguns quadros da vovó e roupas que minha mãe compra em Belo Horizonte e revende. Meu pai dá aula na UFOP, a Universidade de Ouro Preto, ele dá aula de Clínica Cirúrgica e outras matérias que ele certamente vai me tirar algumas dúvidas.
Eu gostaria de ter estudado na minha cidade natal, junto à minha família, mas não passei no vestibular. Estudei como uma louca e passei na UERJ e amo o meu curso, amo.
Victor mora pertinho, mas mesmo assim a saudade é grande, ele já é formado e trabalha em um escritório de advocacia desde o começo do ano.
Se ele continuar trabalhando no escritório até eu me formar, pode ser que ele venha morar comigo e até lá ele consegue passar em algum concurso público aqui no Rio. Seria demais, o Chico ia adorar, né Chiquito?
(Eu não sei aonde esse conto vai acabar, mas essa é a primeira parte, espero que eu consiga escrever a segunda. Beijos.)
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